As Sagradas Escrituras cristã e a judaica compartilham raízes, histórias e princípios que moldaram a espiritualidade e cultura de povos ao longo de milhares de anos. Mas você já se perguntou quais são as diferenças entre esses textos sagrados?
Neste artigo, vamos explorar as origens, o conteúdo e os significados das Sagradas Escrituras cristã e a judaica, compreendendo suas semelhanças, diferenças e sua importância para a fé. Então, se este assunto desperta o seu interesse, leia até o fim!
O que são as Sagradas Escrituras?
As grandes religiões da humanidade possuem tradições escritas que são guardadas como sagradas, pois foram inspiradas por uma divindade ou transmitidas diretamente a uma pessoa por uma divindade. Elas são bem conhecidas e suas tradições se ligam pela inspiração.
Alguns exemplos de textos sagrados mais conhecidos são:
- Torá: A Torá é uma das peças do Tanakh, que é o livro sagrado do Judaísmo.
- Bíblia: A Bíblia cristã composta por dois testamentos: o Antigo Testamento e o Novo Testamento.
- Alcorão: O Alcorão é o livro sagrado do Islamismo.
- Vedas: Os Vedas são considerados a escritura sagrada mais antiga da humanidade, datando de 3000 a.C.
- Tao Te Ching: O Tao Te Ching é o livro sagrado do Taoismo.
- Analectos: Os Analectos são o livro sagrado do Confucionismo.
Contudo, dentre as várias religiões, damos ênfase às religiões monoteístas que são três: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, que professam a fé no Deus Um.
Sagradas Escrituras cristã e a judaica: como foram criadas?
A criação das Sagradas Escrituras cristã e a judaica foi um processo longo e complexo, que envolveu séculos de tradição oral e escrita, além de múltiplos autores. Ambas são muito importantes para nós cristãos de todas as denominações.
Logo, as Escrituras judaicas, também conhecidas como Tanakh, são organizadas em três grandes partes:
1- Torá: é composta pelos cinco primeiros livros da Bíblia hebraica. O termo “Torá” significa orientação e é a base de toda a tradição judaica. E ela se compõe dos 5 rolos ou Pentateuco. O nome desses rolos em grego é: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
2- Nevi’im: Significa “os profetas” que se compõe dos livros de Josué, Juízes, Samuel, Reis e profetas.
3- Ketuvim: Significa “os escritos” e corresponde aos livros sapienciais, começando pelos Salmos.
Já as Escrituras Cristãs assumiram as Escrituras judaicas em sua versão grega, são os mesmos livros mas com uma classificação diferente.
O pentateuco é igual a Torá: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio
E os Nevi’im – Profetas – nas Escrituras Cristãs são assim divididos:
a) Históricos: Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester.
b) Profetas maiores: Isaías, Jeremias , Ezequiel e Daniel e 12 Profetas menores: Amós, Oséias, Miquéias, Sofonias, Naum, Habacuc, Ageu, Zacarias, Malaquias, Abdias, Joel e Jonas.
Os Escritos recebem o nome de Sapienciais. São eles: Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Jó, Cântico dos Cânticos.
Ao elencar os livros da primeira parte da Bíblia Cristã, salta aos olhos a semelhança do conteúdo com as Escrituras judaicas. Sim, as Escrituras judaicas são as raízes das Escrituras Cristãs. Quanto mais aprendemos e aprofundamos as Escrituras Judaicas mais vamos entendendo as Escrituras Cristãs.
A Torá: o Livro Sagrado do Judaísmo
Para entender as diferenças entre as Sagradas Escrituras cristã e a judaica, é essencial conhecer a Torá, o livro sagrado e o núcleo espiritual do judaísmo.
A Torá, que é composta pelos cinco primeiros livros da Bíblia, relata desde a criação do mundo até a jornada do povo de Israel sob a liderança de Moisés.
Além de narrar essas histórias fundamentais, a Torá contém as leis, ensinamentos e mandamentos que Deus deu a Moisés no Monte Sinai, formando a base da fé e prática judaica.
Portanto, a Torá é considerada a mais sagrada de todos os textos judaicos e é tratada com grande reverência. Nas sinagogas, um rolo da Torá é lido semanalmente em porções, completando a leitura do texto inteiro ao longo de um ano. E essa prática fortalece a identidade e o compromisso espiritual da comunidade judaica, que vê a Torá não apenas como um código de conduta, mas como a própria revelação de Deus ao seu povo.
Em resumo, para o judaísmo, a Torá é tanto uma fonte de ensinamento quanto uma ligação direta com Deus, constituindo um pilar essencial da vida religiosa e comunitária.
O que a Bíblia cristã utiliza da Torá?
As Sagradas Escrituras cristã também utilizam a Torá como parte fundamental do Antigo Testamento. Logo, os cinco primeiros livros da Bíblia cristã são, na verdade, os mesmos da Torá, considerados uma herança espiritual compartilhada.
E esses textos são essenciais para os cristãos, pois contêm a criação do mundo, as promessas feitas por Deus a Abraão e a Moisés e o estabelecimento de uma aliança entre Deus e o povo de Israel.
Porém, para os cristãos, o Antigo Testamento é visto como uma preparação para a vinda de Jesus Cristo, o Messias, que é o centro do Novo Testamento.
As Escrituras Cristãs trazem o nome de Antigo e Novo Testamento. E Testamento quer dizer Aliança. Portanto, a Bíblia conta a história da aliança e plano de salvação de Deus para com a humanidade através da história de Israel.
Logo, a palavra ‘bíblia’ é o plural da palavra grega ‘Biblos’ que significa ‘livro’. Isso já nos indica que a Bíblia não é um único livro e sim um conjunto de livros. E todos os textos bíblicos foram escritos originalmente em hebraico e grego, com algumas partes em aramaico.
Contudo, as Escrituras não são um livro de história. Elas nasceram da experiência de fé, escrita em linguagem humana, Deus é o verdadeiro autor da Bíblia, foi Ele quem inspirou os homens na elaboração de cada livro.
Diferenças e semelhanças nas Sagradas Escrituras cristã e judaica
As Sagradas Escrituras cristã e a judaica, embora tenham muito em comum, possuem diferenças essenciais.
E a principal diferença é justamente a inclusão do Novo Testamento nas Escrituras cristãs, que relata a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo e é considerado a realização das profecias do Antigo Testamento.
O judaísmo, por sua vez, não reconhece Jesus como o Messias e não inclui o Novo Testamento em seus textos sagrados. Além disso, a interpretação dos textos do Antigo Testamento pode variar entre as tradições cristã e judaica, devido a diferentes perspectivas teológicas e culturais.
Atualmente, falamos mais Escrituras Judaicas para o Antigo Testamento e Escrituras Cristãs para o Novo Testamento, lembrando sempre que as Escrituras Cristãs bem compreendidas incluem as Escrituras Judaicas.
Portanto, a Bíblia é a história de um povo com o seu Deus; não de qualquer povo, mas do povo de Deus, povo escolhido por Deus, povo que escolheu caminhar com Deus. E assim o povo de Israel se tornou exemplo para todos os povos. Sua história nasceu com Abraão, na terra de Canaã, que acolheu o chamado de Deus e se tornou, na fé, pai de muitas nações.
As fases da Bíblia Sagrada Cristã
Justamente por não ser um livro, mas um conjunto de livros, a Bíblia levou mais de mil anos para ser escrita e tomar-se um conjunto de livros bem-organizado. Podemos dizer que sua formação passou por 3 fases:
1ª fase: Os acontecimentos vividos e contados de pai para filhos durante muitas gerações como uma experiência vivida antes de se transformar numa tradição. Logo, esses acontecimentos foram interpretados como inspirados por Deus, como acontecimentos salvíficos. Tais acontecimentos se tornaram o fio condutor da experiência do povo com Deus. Essa etapa da história da fé se perde no tempo, mais de 2000 anos antes de Cristo.
2ª fase: Com estes acontecimentos, nasce a segunda fase da Escritura, a Tradição Oral. Os acontecimentos foram contados pelos pais e mães aos filhos, de geração em geração. Esse período durou cerca de 900 anos. Desta forma, o povo mantinha forte em sua lembrança as fortes experiências vividas com Deus. “Lembra-te dos dias antigos, considera os anos das gerações passadas. Interroga teu pai e ele te contará”… É o que encontramos no livro do Deuteronômio 32, 7. “Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa”, diz Paulo na 2ª carta aos Tessalonicenses 2, 15.
3ª fase: É a que chegou a nós, a Tradição Escrita. Graças a pessoas inspiradas pelo Espírito de Santo, também chamados de hagiógrafos, a Bíblia começou a ser escrita pelas mãos humanas, em linguagem humana. E os autores bíblicos são pessoas inspiradas e movidas por Deus. “Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu pessoas, das quais se serviu fazendo-as usar suas próprias faculdades e capacidades a fim de que, agindo Ele próprio nelas e por elas, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse” (Dei Verbum, 11).
Descubra as Sagradas Escrituras com o Projeto Consagrae
Conhecer as Sagradas Escrituras cristã e a judaica é mais do que aprender sobre textos antigos. Portanto, é uma jornada para entender a história da fé, descobrir os mistérios de Deus e aprofundar-se em uma rica tradição espiritual.
Então, se você deseja aprender mais sobre as Sagradas Escrituras e crescer em sua fé, o Projeto Consagrae oferece cursos online que abordam a Bíblia e seus ensinamentos de maneira profunda e acessível.
Venha fazer parte dessa caminhada e permita que o estudo das Escrituras transforme sua vida! Conheça nossos cursos AQUI!