Ecumenismo: unindo diferenças em busca da paz

Apesar do ecumenismo ser abraçado por várias Igrejas cristãs, ele ainda é desconhecido e confundido com o diálogo inter-religioso por muitas pessoas. No entanto, quando falamos sobre a paz entre os povos, o ecumenismo é uma ponte para esse acontecimento.

Segundo o Dicionário Michaelis, o termo ecumenismo tem dois significados: movimento nas Igrejas cristãs que prega a paz mundial e a intensificação da divulgação do Evangelho; e movimento que prega a união de todas as Igrejas cristãs.

Já a socióloga Sandra Ferreira explica o ecumênico sob dois aspectos: “No sentido popular significa aberto ao diferente, disposto ao diálogo com quem pensa diferente. No sentido religioso e acadêmico, indica o diálogo entre as Igrejas cristãs em vista da reconciliação entre os cristãos”.

Assim, se queremos a paz entre as pessoas e somos cristãos que acreditam na comunhão entre irmãos, então façamos do ecumenismo a ponte que nos leva a esse fim! Desde já, conheçamos mais sobre esse tema e sua importância para a vida em sociedade.

Significado de ecumenismo

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil – CONIC explica bem sobre o ecumenismo e o que significa ser ecumênico.

“Para muitos, o ecumenismo é apenas a reunião de determinadas Igrejas cristãs que se toleram em alguns pontos de fé. Para outros, o ecumenismo é, de fato, um bonito ideal, mas que nunca será alcançado. Porém, muito mais que a reunião de igrejas, e bem mais que um mero ideal, o ecumenismo é a concretização da prática cristã alicerçada no amor, aquele sentimento que ‘nunca falha’ (1 Cor 13,8).”

A partir da reflexão do CONIC, entendemos que o ecumenismo trata sobre a relação entre Igrejas cristãs e, consequentemente, entre cristãos. Isso implica acolhida, respeito e busca pela unidade, sobretudo em torno do único Mestre, Jesus, e seu evangelho.

Portanto, o ecumenismo existe para que os membros das Igrejas cristãs, embora rezem de um jeito diferente e tenham doutrinas específicas, vivam a unidade do amor na caminhada da fé, e testemunhem que aquilo que nos une é maior do que o que nos divide!

Essa prática evangélica – uma vez que se fundamenta no amor de Deus que é para todos – não é fácil, nunca será, mas é possível e traz inúmeros benefícios para a convivência em sociedade, entre grupos diversos e entre as Igrejas cristãs espalhadas no mundo.

A importância do ecumenismo para a paz mundial

Quanto está em jogo a vida humana, as diferenças não impedem o surgimento da defesa da vida. Isso se explica no momento em que situações de conflito, fome, guerra, aborto, eutanásia etc. passam a ser preocupação de todos os que têm a mesma fé e o mesmo objetivo: cuidar da vida humana.

E a mudança dos tempos trouxe um preço alto para a humanidade; isso se constitui uma questão ecumênica, porque favorece o diálogo e a mobilização de esforços que visam salvaguardar o respeito e o valor da vida humana defendida por todos que professam a fé. 

Neste momento é que saímos da teoria ecumênica e entramos na prática do ecumenismo, quando a vida fala mais alto e o diálogo se apresenta como um grande dom de Deus entre seus filhos, diminuindo distâncias e levantando possibilidades de ajuda mútua.

Dessa forma, o ecumenismo se torna uma ponte, um caminho, não é o fim, mas uma forma de olharmos nos olhos uns dos outros a fim de acolhermos o que há de mais precioso: a vida, e lutarmos pela dignidade de cada pessoa através da solidariedade fraterna. 

O papa Francisco é um homem ecumênico

Poderíamos dar diversos conceitos sobre ecumenismo, mas nada explica melhor do que sua prática e quando ela acontece através do testemunho de pessoas públicas, isso impacta uma multidão. É assim na vida do Papa Francisco!

Na noite de sua eleição (13 de março de 2013), o Papa Francisco se definiu como o “bispo de Roma, antes de Papa, pastor de uma Igreja, a de Roma, que preside na caridade todas as Igrejas”. Suas palavras expressam o ecumenismo, uma vez que estão cheias de sensibilidade para com todos.

Depois do conclave que o elegeu, Francisco abraçou Bartolomeu I chamando-o de “André” como herdeiro do apóstolo. Em 29 de novembro de 2014, na Igreja Patriarcal de São Jorge em Istambul, no final da oração ecumênica, o Papa Francisco inclina-se diante do Patriarca, pedindo para ser abençoado por ele.

Igualmente histórico é o primeiro encontro entre um Bispo de Roma, Papa da Igreja Católica, e um Patriarca de Moscou e todas as Rússias, em 12 de fevereiro de 2016, em Cuba; além de que a viagem do Papa Francisco ao Sul do Sudão foi outro exemplo.

Na jovem nação africana, o Conselho Ecumênico de Igrejas desempenha o trabalho de campo, além do trabalho diplomático. Os hospitais, as escolas e as instituições que se sustentam são cristãs, face a um estado que ainda não conseguiu estruturar-se a si próprio.

“O espírito ecumênico adquire valor exemplar…” Papa Francisco

Desde então, o Papa Francisco se empenha em mostrar que a construção da unidade visível da Igreja de Cristo é uma das prioridades do seu pontificado. Isso se concretiza através de suas ações para superar as divisões e fortalecer a comunhão entre os cristãos. 

E faz um grande apelo aos cristãos: “Exortamos os nossos fiéis a trabalhar harmoniosamente pela promoção na sociedade dos valores cristãos que contribuam efetivamente para construir uma civilização de justiça, paz e solidariedade humana.”

“O diálogo ecumênico e inter-religioso não é um luxo. Não é algo exterior ou opcional, mas é essencial, algo de que o nosso mundo, ferido por conflitos e divisões, têm cada vez mais necessidade”.

Portanto, se o ecumenismo é uma ponte para a construção da paz, sejamos operários dessa obra em todos os lugares em que nos encontramos, pela defesa da vida, da justiça e da dignidade humana à semelhança e exemplo de Cristo.