A paz é, sem dúvida, uma construção coletiva que pede esforços de cada pessoa e dos responsáveis pelo ordenamento social. E para a Igreja Católica também não é diferente! Ao longo de 20 séculos, ela vem recuperando sua tradição de paz deixada pelo Mestre.
Quando falamos em recuperar a paz, lembramos de períodos em que a fé foi motivo de imposição, levando a guerras diversas. Basta lembrar das Cruzadas (1095 – 129), na época do feudalismo, momento em que a Igreja e o poder dos governantes eram muito próximos.
Mas a paz que Cristo anunciou aos seus apóstolos após sua ressurreição nunca deixou de ecoar no interior da Igreja Católica a ponto de inquietar papas, bispos, religiosos(as), leigos, e hoje a paz é a bandeira que a Igreja levanta em favor da humanidade.
Neste capítulo da série Paz no mundo, vamos nos informar um pouco sobre a posição da Igreja diante da guerra e contribuir rezando e agindo em benefício da cultura de paz.
A Igreja Católica no contexto das guerras
A Igreja Católica está presente na história desde o surgimento do cristianismo. Ela assistiu a muitas mudanças ao longo de séculos e também esteve presente em diversas situações políticas, econômicas e sociais que causaram conflitos e guerras entre os povos.
Há quem aproveite o comportamento de algumas autoridades eclesiásticas do passado para deturpar o papel da Igreja Católica hoje e esquecem da grande contribuição que ela deu para defender o direito das pessoas e das nações de existirem e viverem sua cultura.
Essa posição tem origem no Evangelho e se estende no Catecismo da Igreja e na Doutrina Social. Atualmente, esses dois documentos combatem toda a forma de violência. O CIC § 2307 e 2308 proíbe explicitamente a destruição da vida por causa dos males e das injustiças que a guerra produz.
Já a Doutrina Social da Igreja diz que há quatro condições para construir um Estado bem sucedido: o respeito pela dignidade da pessoa humana e da vida humana; a solidariedade; o bem comum e a subsidiariedade ou educação. Logo, a Igreja é protagonista da paz!
Documentos da Igreja Católica sobre a paz
Não é possível elencar tantos documentos da Igreja Católica sobre a paz e contra a guerra ao longo desses séculos, porque são muitos escritos, homilias, posicionamentos, convocações para oração etc. mas dois em especial se destacam na história.
- Um deles foi escrito pelo Papa João XXIII e se chama Pacem in Terris. A encíclica aborda os problemas do desenvolvimento e do subdesenvolvimento dos povos, de suas relações a serem conduzidas na base da justiça, da solidariedade e de uma participação de todas as nações na análise e nas decisões das questões e problemas mundiais, além de afirmar que os conflitos devem ser resolvidos pela negociação e não pela guerra (nº 126).
- A outra é a constituição pastoral Gaudium et Spes, fruto do Concílio Vaticano II, que condena, radicalmente, toda ação bélica levada a cabo por qualquer tipo de armamento com a destruição massiva (GS, no 80). Esse documento marcou as orientações pastorais da Igreja em relação às questões relativas à vida da pessoa em sociedade, e é um referencial para a maioria dos textos sociais que vieram depois.
As Sagradas Escrituras e os documentos da Igreja Católica iluminam o ser e o fazer de todos os batizados na proclamação e construção da paz. E essa luz tem guiado a vida de muitos sacerdotes, religiosos e leigos que optaram por não abandonar áreas de conflito, em países de guerra, a fim de lutar pela paz. Eles são o rosto da Igreja em favor de todos!
Por uma cultura de paz
Como já citamos, a Igreja Católica está presente na história e presenciou muitas guerras e levantou muitos apelos pela paz. Entre esses apelos, nasceu a expressão “cultura de paz”, inclusive após a encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII.
Sabemos que a promoção da cultura de paz faz parte da missão do cristão (Mc 16,15). O Evangelho é, por excelência, um anúncio de paz: “Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa!’” (Lc 10, 5).
Portanto, promover a cultura de paz é dever de toda pessoa de boa vontade! E a Igreja Católica acredita, participa e promove a cultura de paz além dos muros da Igreja, incentivando sua implementação nas escolas e em diversos projetos sociais.
Em várias ocasiões, o Papa Francisco se pronunciou sobre o fim da guerra, a defesa da vida e a política da paz! No documento Fratelli Tutti, ele afirma a importância de cultivar a fraternidade, o respeito e o diálogo independente de raça ou religião, mas em benefício da pessoa humana e da paz.
Por fim, “Bem-aventurados os que promovem a paz” (Mt 5,9). A Igreja Católica tem a missão de realizar a obra que Cristo lhe confiou, e são muitos os testemunhos de cristãos que validam essa verdade, com suas vidas e suas obras, vamos nos juntar a eles!